O sol invadiu o quarto trazendo-o seu aconchego e seu calor, fazendo-me despertar da mais dura rocha, – sim, eu adormecera no chão – diferente da manhã anterior o dia parecia sorrir, parecia estar vivo, e me fazia acordar animada, não entendia o porquê, mas o calor era algo que me revivia dia após dia, acendendo em mim uma luz no qual me guiaria durante o dia mesmo com o clarão natural. Levantei-me e como de costume olhei para o relógio, eram exatamente 6h15, espreguicei-me e peguei o violão, sentei-me ao chão e comecei a cantarolar: “Quem me dera ao menos uma vez, que o mais simples fosse visto como o mais importante, mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente...”, e assim fiquei ali sentada, a manhã ia acordando à tarde ensolarada e eu com o violão em mãos dedilhando as cordas, de uma nota para a outra assim formando uma peça...
Outra manhã e o mesmo quarto, o mesmo violão, as mesmas partituras, os mesmos livros, a mesma pessoa opaca, porém um brilho diferente invadia o quarto rotineiro, mas um dia de sol, mais um dia de brilho, seria o mesmo sol de ontem se eu fosse à mesma pessoa dos dias anteriores, mas não sou! Aquele brilho que invadia o meu quarto não vinha de fora, vinha de mim, era uma disposição que me fazia dançar, ou melhor, tentar dançar, levantei-me da cama, liguei o radio e sai girando até o banheiro, e foi então que percebi a música que tocara no momento: “Vamos fugir! Deste lugar baby! Vamos fugir, to cansado de esperar que você me carregue...”, e logo reconheci a voz do Samuel, vocalista e guitarrista do Skank, fazia tempo que não ouvia a banda, uma banda que fez parte da minha infância, do meu radinho de pilha velho, meu mp3 quebrado, e agora eu ali no banheiro dançando ao som deles novamente. Aumentei o som e desci até a sala, minha mãe estava arrumando uns quadros na parede, nem notara minha presença, passei por ela sem tirar sua concentração e fui para a cozinha, ao invés de um café peguei um suco de laranja, assim quebrando a rotina, voltei à sala e vi minha mãe contemplando um quadro, ou melhor, uma foto antiga, me aproximei e vi, era uma foto minha quando tinha mais ou menos 13 anos de idade, estava sentada ao chão da sala e em minhas mãos tinha um violão, -sim, meu primeiro violão- foi dês de então que comecei a tocar violão erudito, e a paixão pelo instrumento foi crescendo e crescendo e agora estou a um dia de realizar um grande sonho, olhei para minha mãe que tinha lagrimas nos olhos e a abracei, um abraço de gratidão, gratidão pelo o apoio que todos esses anos ela veio me dando, afastei-me dela para olhar seu rosto e suas palavras romperam o silencio entre nós duas: “Enfim as provas! Independente do resultado você tem que sempre continuar!”, balancei a cabeça dando-lhe um positivo, e subi para o meu quarto, desliguei o som e peguei o violão, abracei-o e lagrimas corriam em meu rosto, estava com medo de desapontar minha mãe, mais medo ainda de desapontar-me. Fiquei o resto da tarde com o violão em mãos, tocava uma peça do Bach e passava para um estudo do Villa Lobos, e logo enjoava e arriscava um popular, indo e vindo de uma peça a outra.
A noite acordou clara, a lua no auge do seu esplendor e as estrelas contemplava-na, o violão fora parar dentro do case (estojo) e meus olhos vagavam pelos livros, uma ultima leitura, uma ultima noite de lua cheia, ou melhor, uma ultima noite de sol! E amanhã seria dia novamente, sem ela, sem a lua e virá o sol, a noite cairá e o escuro virá, e o sol sumirá, e amanhã será dia, mais um dia, ou melhor, o grande dia.
Fim do primeiro capitulo, logo será postado o segundo capitulo. Obs: O blog ainda não foi passado por uma revisão ortográfica, peço-lhes paciência com quais quer erros encontrados.